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Para onde vai o que o amor deixou?

17.09.2014
Redação Chata de Galocha

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Veio me perguntar o que eu achava que ela deveria fazer com os presentes que o namorado (agora ex) deu para ela. “Mas o que que ele te deu?”, perguntei. Ah, fora os chocolates, tem uns dois porta-retratos, quatro blusas sendo que uma nunca usei, um urso de quando ele ficou seis meses na Califórnia, alguns CDs personalizados, três livros e todos os nossos ingressos de cinema.
Joga fora, ué. Jogar tudo fora, como assim, tá louca? Então coloca dentro do armário, no quartinho de dispensa da sua casa, sei lá. Tudo que ela menos queria era se desfazer deles.
Lembrei de um namorado, que sempre me dava presentes do tipo que precisam ficar expostos no quarto. Primeiro veio um ursinho do meu tamanho, um porta-retrato com a nossa foto…
O tempo de namoro foi nos deixando sem opções, aí começamos a nos presentear com roupas. Era horrível porque mesmo quando eu não gostava do presente, morria de vergonha de trocar e acabava usando.
Em um Dia dos Namorados ele me deu um mural de fotos enorme com a palavra “love”. Menos de um mês depois, terminamos. Sem nem ter pendurado o “love” na parede, juntei tudo e dei para a minha empregada. Todas as vezes que mudo de apartamento, penso o quanto seria legal colocar esse mural em algum canto da sala. Provavelmente ele está lá, lindo, na sala da Derci.
Alguns, como eu, têm extrema facilidade de se livrar de objetos. Tiram quadros da parede e mudam o porta-retrato do canto como quem frita um ovo. Não somos necessariamente desapegados, vejo mais como uma radicalização. É um “acabou, tchau”, prefiro não lembrar de você quando olhar para aquela nossa foto fisheye em Trancoso. E, nessa obsessão freak de deletar o outro, vão-se objetos lindos.
Outros, não se dão o trabalho de mudar nada de lugar. Pelos menos durante algum tempo. De duas uma. Ou porque não faz a mínima diferença, ou faz parte do que chamam de “luto do término”.
A real é que o fim é terrível de qualquer jeito. Com ou sem ursinho. Dói em todos os cômodos do apartamento. Desde o porta escovas de dentes do banheiro ao pano de prato de coração e patinho da cozinha (presente de quando foi no interior visitar alguma tia avó). A verdade é que não muda em nada se desfazer de tudo que lembra alguém, se a pessoa ainda está lacrada do lado de dentro. Lembramos de quem que a gente gosta até preso em um quarto vazio com todas as paredes pintadas de branco.
Conheço uma pessoa que ainda tem na cômoda do quarto o mesmo porta-retrato, presente de uma primeira namorada de dez anos atrás. Me contou que a matemática é muito fácil: quando arruma outra, coloca uma nova foto, e enquanto está solteiro, coloca a foto da sua Yorkshire. Simples e indolor. Não existe dia certo para tirar a foto da ex, um dia ele olha e acha que já passou da hora, e ficaria mais legal uma foto da Nina, a cachorrinha.
Desde que perdi o meu mural escrito “love”, adotei uma nova estratégia. Se for para desfazer, vou doar para quem precisa. E se o apego ao objeto for grande, muito grande, coloco em uma caixa até passar a memória recente.
Ainda bem que nunca me deram um quadro da Frida Kahlo ou um cachorro pug. Já pensou?

24 Comentários  |  Deixar Comentários

Comentários:
  1. Aline Ramos    17/09/2014 - 09h09

    Que texto delicia de se ler!
    Tudo faz sentido mesmo né, tenho uma amiga que o namorado terminou com ela na adolescência e ela guardou tudo em uma caixa, e as fotos pediu para que eu guardasse. As fotos estão em casa e ela nunca mais se lembrou delas. As pelúcias, quadros e etc não sei que fim ela deu.. rs

  2. Jéssica Duarte    17/09/2014 - 09h14

    Adorei o texto…

    >>>>>>>> http://www.PISAICO.com.br <<<<<<< Mulherada, venham conhecer nossas peças!

  3. Amanda Rigoni    17/09/2014 - 09h51

    Adooooorei!

  4. Lk    17/09/2014 - 09h57

    Marcella, arrasou.. falou e disse! Sei lá sou daquelas q desapega mesmo .. um dia desses achei a foto do meu ex nas coisas da minha mãe.. mesmo ela não querendo.. rasguei em mil pedacinhos.. pra que guardar isto!? Já foi.. passou.

  5. Camila    17/09/2014 - 09h59

    Adorei o texto…
    Tenho uma pug! rsrs
    bjs

  6. Aline    17/09/2014 - 10h03

    Marcela,
    Já tive dois fins de namoro e em ambos, juntei os ursinhos de pelúcia e dei para instituições que repassam como doação no dia das crianças. Dói porque 1) amo os bichinhos 2) é um pedaço de mim que se foi 3) desapego é sempre difícil. Mas sempre tem alguém que vá fazer um melhor uso ou vai se alegrar por receber, como é o caso do seu mural. Faço isso com tudo que tenho, sempre repasso o que não uso mais.

    Falando em Frida, li um texto há minutos no Estadão que falava muito dela. E agora vem você… Coincidência!?

    Adorei seu texto, btw!

    Beijos.

  7. Camilla Gonçalves    17/09/2014 - 10h28

    A minha atitude depende de como foi o término.
    Meu primeiro namoro teve um fim pacífico. Tão pacífico que nos falamos até hoje. Guardo ainda todas as cartinhas, fotos, presentes e etc. Cartinhas e fotos em caixas e álbuns. Presentes como roupa, uso até hoje.
    Já o último namoro terminou muito mal. Ele me magoou demais. Não me desfiz das roupas, algumas eu tinha escolhido e estão super novas e boas. Mas fiz questão de me desfazer de todas as cartas e fotos. Foi uma tentativa de apagar mais rápido. Guardei por um tempo, mas achei melhor jogar tudo fora para não correr o risco de me deparar com aquilo e deixar a raiva voltar. Não eram lembranças boas como do primeiro namoro, então achei melhor me livrar mesmo.

  8. Dani Mendes    17/09/2014 - 10h35

    Sou muito desapegada quanto a isso, mesmo que doa, as vezes, dar aqueles presentes para alguém eu vou lá e dou sem dó nem piedade, já acabou para que ficar guardando lembranças fisicas? O que importa é o de dentro. Simplesmente perfeito esse texto
    Beijos

  9. Patricia Quirino    17/09/2014 - 12h10

    Então… acho que todas nós identificamos de certa forma com essa postagem. Tenho um lindo calendário móvel de pedra verde que ainda fica sobre a minha mesa do quarto e que ficará lá! Por quanto tempo quiser permanecer. O amor se foi, mas os vestígios ainda ficam. Impossível formatar o HD do coração!

    Beijos

  10. Marianna    17/09/2014 - 12h45

    Pra mim é simples… Se é um presente que eu gosto e uso eu guardo, pq é algo que tem mais a ver comigo do que com quem me deu e consigo usar sem ficar lembrando da pessoa. Se fera uma coisa q eu já não gostava e usava só pra agradar: lixo ou doação!

  11. Vivi    17/09/2014 - 13h13

    Engraçado que tenho objetos que sinto que não deviam estar mais no meu quarto, mas acabo não me desfazendo por pura preguiça. Só sei que, quando me desfaço de alguma coisa, normalmente é depois de pensar um pouquinho se aquilo vai me fazer falta ou não. Até hoje, nunca fez. Me sinto muito mais livre e feliz quando me desfaço das coisas que só me prendem ao passado. <3

  12. Letícia    17/09/2014 - 13h18

    Lu, obrigada por nos proporcionar mais uma coluna aprazível de se ler! É claro que amo ler sobre maquiagens, moda e viagens (quem não ama?), mas ter uma coluna como essa de crônicas é realmente tornar o Chata um blog diferenciado.
    E, Marcela, parabéns pela destreza com as palavras!

  13. Juliana    17/09/2014 - 13h42

    Eu sempre me desfaço de tudo dado por ex. Pra mim é colocar um ponto final, um ritual de passagem, um enterro, tchau. Porém, o gato que o ex marido me meu, eu fiquei, kkkkk. Infelizmente, depois de 13 anos juntos, a hora dele chegou em junho desse ano. Gatos ou pugs apart, eu ainda sou do time de se desfazer das relíquias do passado amoroso.

  14. Luiza    17/09/2014 - 14h25

    Adorei o texto… Eu sou bem apegada às coisas, sempre fico com dificuldades de jogar fora…
    Mas você tem razão, são só objetos…

    http://www.estiloadois.com.br

  15. Priscila    17/09/2014 - 15h18

    hhahahahaha

    Adorei o teu texto Marcella!

    Quando eu terminei meu namoro há 3 anos e meio, eu primeiro tive aquele período que não queria tirar nada do quarto, depois não queria ver nada (aí guardei tudo dentro de caixas) e depois fiz uma limpa, algumas coisas eu dei e outras fiquei.

    Beijos

  16. Dhé    17/09/2014 - 16h15

    Adooooorei! Me desapego de tudo também, mas no meu caso ajuda a esquecer mais rápido. Eu só guardo se eu tiver intenção de voltar. Do contrário, vaaai pra quem precisa!

  17. Tatinhapaz    17/09/2014 - 16h21

    Adorei o texto! Realmente não adiante jogar tudo fora, achando que assim vai esquecer, se a final de contas o sentimento ainda tá lia.

    http://destinofeliz.wordpress.com/2014/09/17/roteiro-santiago-do-chile-05-dias/

  18. Camila    17/09/2014 - 22h22

    Melhor última frase!!!

  19. Sarah    17/09/2014 - 22h32

    Adorei!! Tô passando por isso agora!
    Um mês de terminado e não dei nada, mas tá tudo guardadinho!

  20. Laura    17/09/2014 - 22h53

    Texto legal!

    Há cerca de dois anos terminei um namoro de mais de 6 anos. Me desfiz apenas das fotos, porque acho que isso é o tipo de coisa que não tem necessidade de guardar. Mais pra frente vc vai arrumar outra pessoa e com ctz vai ser muito chato ele saber q vc guarda fotos do ex. Eu sei que eu não gostaria, se fosse o contrário.

    Mas roupas, cds, livros, objetos de decoração, não vejo sentido em se desfazer, se for algo que vc goste. Como a colega disse aí em cima, não adianta jogar as coisas fora se ainda há sentimento, isso não faz esquecer mais rápido.

    Talvez ‘dar um tempo’ nas coisas ajude na fase em que vc não quer nem lembrar que o fulano existe pra não cair no choro… Mas no fim das contas, a gente supera e nem lembra da procedência da roupa/objeto e etc.

    No fim só ficaria o arrependimento de ter dado fim em algo que realmente gostávamos rs..

    Bjs!

  21. Nanda Nunes    18/09/2014 - 22h42

    Eu sempre escutei um conselho muito bom: De um amor, não ganhe presentes, ganhe joias. Dessa forma, eu sempre sugeri que ganhar joia é um ótimo presente. Com brilhantes então… Então eu vou colecionando pulseiras, brincos e, confesso, alguns anéis de noivado. Nunca me desfiz de nenhuma, algumas vezes uso as alianças de brilhantes dos ex junto com o anel de esmeralda que ganhei de aniversário do atual. Eu certamente não faria o que a senhorinha fez na cena final de Titanic. Cada peça marca um momento, momento feliz, pq graças a deus, nenhum relacionamento meu terminou de forma ruim ou traumática. Elas guardam muito carinho, alegria e boas vibrações.

  22. Mônica    19/09/2014 - 00h57

    Seus textos são ótimos!

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