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Lifestyle

Morar sozinha não é brincar de casinha

17.10.2015
Redação Chata de Galocha

dizer (2)
Quando era adolescente e ainda morava com a minha mãe, ela implorava para eu lavar a louça. E eu, crisenta viciada em ICQ, dizia “que já ia”, reclamava brava que ela estava sendo “um saco” e ela tinha que me mandar fazer isso até cansar. O mesmo acontecia no meu armário, que ficava desorganizado-organizado do meu jeito, porque só eu me entendia ali dentro. E isso dava um desespero geral na minha mamacita também.

Algumas pessoas se identificam nessas situações, outras não. A fase da “aborrescência” chega diferente para cada um. Não sei se virei gente grande, virei a minha mãe ou evoluí o tasmania que existia dentro de mim, mas hoje em dia todas essas porqueirinhas me dão um desespero absoluto.

Quando saí de casa e fui morar sozinha pela primeira vez, imaginei que seria como montar a casa da barbie (sério, ai ai). Com muito menos dinheiro e luxo, é claro, mas eu não tinha noção nenhuma da dimensão da responsabilidade de gerenciar uma casa dividida com outras pessoas. Um apartamento com móveis, poeira, contas, muitas contas e um banheiro para lavar semanalmente. Mirei na liberdade e esqueci dos perrengues, que fui descobrindo um a um.

Demorei quatro apartamentos para entender o quanto é mais gostoso curtir o meu canto do que encher a casa de visitas. Hoje moro literalmente sozinha, com dois gatos. Fico com um pouco de preguiça dos móveis fora do lugar e da pia cheia de louças. Adoro receber amigos, mas prefiro que venham três e que a gente cuide da casa com carinho. E há quem diga que quando sair da asa dos pais quer fazer muita festa. Vai nessa, minha amiga, porque haja produto de limpeza e ânimo. Eu lembro da minha mãe me pedindo para lavar os copos e agradeço – porque a vida e morar sozinha me ensinou a fazer isso sempre que como na casa dos outros. Acho legal quando fazem na minha também.

Viver sozinho traz muita alegria, mas também alguns dramas. Poderia citar mil deles para vocês de identificarem, mas gosto de simplificar com o papel higiênico. Quando você mora em família, ele nunca acaba, e há sempre um rolo extra no armário que você não faz ideia de como chegou ali. Fortes são aqueles que descobriram a emoção de um papel higiênico acabar, a dispensa ficar vazia com apenas dois miojos de galinha caipira e o guardanapo faltar na hora de servir uma janta.

Ter o silêncio e o momento do seriado, do livro e da música alta não tem preço. Mas por falar em preço, você também aprende a pesquisar o supermercado mais em conta e a pechinchar o valor de um microondas. Morar sozinha não é brincar de casinha, mas eu garanto que é muito divertido.

Se identificaram com alguma das situações? ;)

13 Comentários  |  Deixar Comentários

Comentários:
  1. Ana Caroline Lopes de Oliveira    17/10/2015 - 10h38

    Me identifiquei com todos os exemplos. Amo morar sozinha, mas não ter ninguém pra te socorrer, quando já esta no banheiro e percebe que o papel higiênico acabou, e realmente triste. kkkk :D
    Adoro seus textos, leio todos, e incrível como você consegue descrever cada momento que ando vivendo. beijos

  2. Mari    17/10/2015 - 10h44

    Nossaaa, Marcella, parece que você descreveu a minha experiência de vida…. Saí de casa muito cedo e passei por situações muito parecidas com as suas e hoje vivo a vida agridoce de morar sozinha com muito orgulho e paciência… Pois não é fácil encarar a pia cheia de louças sem um grande pitada de preguiça… Rsrs…

  3. Nara    17/10/2015 - 11h38

    Se me identifiquei com alguma das situações? Posso dizer que me identifiquei com todas, Marcela. Hoje vejo o quanto eu era folgada na minha adolescência, tinha muito tempo de sobra, trabalho de casa quase zero e ainda reclamava quando minha mãe pedia pra fazer alguma coisa rsrsrs.
    Agora já adulta e dona da própria casa, gosto tanto do meu cantinho que até criei junto com a minha irmã um blog que trata de assuntos de casa e decoração.

    Parabéns pelo texto, Marcela.

    Bjo :)

  4. Ester    17/10/2015 - 11h42

    Quando você sai da casa dos pais para ir morar sozinha ou para começar a vida de casada, em ambas as situações você passa a ter a responsabilidade de decidir quando, como e onde você quer cada coisa na sua casa, mas é claro que você tem de arcar com o resultado das suas decisões, faz parte da vida adulta.
    Mesmo que você não seja uma filha exemplar no fundo você sabe o que tem que ser feito, agir como uma criança birrenta diante de um problema não é a melhor opção para resolve-lo. Os pais vão estar para dar conselhos, mas você enfrentar as dificuldades como uma adulta é o que vai te fazer crescer, ganhar maturidade e convenhamos… ser o orgulho de “mamãe e papai”.

  5. Ana Luiza    17/10/2015 - 16h29

    Eu moro sozinha e não troco por nada. Recentemente passei 10 dias “morando” novamente na casa dos meus pais pois passei por uma cirurgia e seria mais confortável ficar lá. Amo meus pais, nós damos muito bem, mas quase enlouqueci por ficar longe do meu cantinho!
    Hoje aconteceu uma coisa engraçada – meu irmão mora com a noiva e, sem querer mandou no grupos a família (em vez de mandar só pra ela) assim: “amor, acabou o papel higiênico e, por consequência, o guardanapo também. Passa no mercado”, dei muita risada! Kkkk

  6. Wa    17/10/2015 - 17h56

    Gostei!! ?

  7. Ana paula    17/10/2015 - 19h07

    Nossa, nem me fale… Moro só há uns três anos e aprendi muito, inclusive valorizar Meus pais. Morar só tem suas vantagens e desvantagens ?
    Muito bom o post.

  8. ana paula    17/10/2015 - 19h44

    “Hoje moro literalmente sozinha, com dois gatos.”
    Sou eu…kkkk já morei com outras 20 pessoas (não todas ao mesmo tempo, em épocas diferentes) mas hoje, morar só é uma benção pra quem gosta de ser independente e também um fardo pra quem tem a consciência de que precisa resolver as coisas sozinha (porque não adianta morar só e toda hora recorrer aos pais).

    Um dia uma amiga reclamou que a mãe tinha colocado muito melão na marmita dela e eu pensei: há quantos anos que ninguém fatia melão pra mim?! kkkkkk mas fiquei feliz mesmo assim!

  9. Le    18/10/2015 - 11h53

    Ler esse texto enquanto você está planejando sair de casa… deu até medo! Hahahaha! Amei.

  10. vanessa    18/10/2015 - 15h47

    Me identifiquei bastante, estou pensando de tomar essa inciativa de sair de casa e morar sozinha, na real? Estou apavorada!! Mais sinto que esta na hora, as vezes não damos conta de o quanto nossos pais fazem por nós,e de como as coisas são “fáceis” com eles por perto. Seus textos são incríveis,amo todos!

  11. Kelli    18/10/2015 - 23h25

    Oi ! Nunca imaginei que fosse fácil , mas passei mais apuros do que imaginava , com problemas nas tubulações , vizinhos doidos , barulhos na madrugada , porteiro sem noção , enfim …… mas teve muita coisa boa também , nunca fui de grandes festas em casa , mas já me diverti muito , nunca me endividei , nunca descuidei da saúde e tive ótimos momentos de reflexão . Boa fase de crescimento . Bjs

  12. Júlia Carrilho    19/10/2015 - 07h36

    Descreveu perfeitamente as alegrias e as nem tão felizes experiências de morar sem a mãe… Me casei recentemente e com certeza dá vontade de correr pra casa dela só pra lavar a louça que ela tanto pedia. Mas é uma delícia ter o nosso canto. Aprendizado pra vida!

  13. Renata Esperança    19/10/2015 - 09h03

    Marcela,
    me identifiquei muito com o texto. Voltei a morar com meus pais depois de 10 anos morando sozinha, mas não vejo a hora de voltar a ter uma casinha/ap só pra mim!

    Lu,
    lembro que junto com a coluna da Marcela começou no blog uma tag sobre os looks da semana, pq parou? Adova e me ajudava muito a definir o que vestir! Volta com ela?!

    Beijos pra duas (três!)!

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