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Lifestyle

Arte de Maria: potência feminina em colagens

28.04.2021
Redação Chata de Galocha

Arte feita para e por mulheres, que busca potencializar essas vozes femininas que nunca foram ouvidas da forma que mereciam e merecem, por conta do machismo e do racismo. Só esse resumo já seria o bastante para chamar a nossa atenção, mas é quando vemos o resultado do trabalho da Maria Rosa que nos encantamos de vez.

Seja nos itens de papelarias ou nos pôsteres, o que vemos na Arte de Maria é luta feminista, história e política, por meio de colagens que carregam afeto e feminilidade. É impossível passar ileso por eles.

Entrevistamos a Maria Rosa, artista e empreendedora que criou a marca para conhecer mais das suas inspirações, referências e ambições. Confira:

Como você define o seu trabalho?

Ele é libertador, afetivo, informativo e um ideal de vida.

Como você transformou o seu talento para colagens em negócio?

Foi uma forma de conseguir reconhecimento artístico por meio de algo que fosse emancipador também. Decidi aplicar minha arte em produtos úteis e que trazem uma memória afetiva, desta forma conseguiria levar minha arte até a casa das pessoas e junto com ela uma informação. E assim surgiu a Arte de Maria, lembrando que “Maria” representa todas nós mulheres.

Que mensagem você deseja passar para as pessoas por meio da sua arte?

Uma mensagem de luta, de consciência de raça e gênero, mostrar que dentro de grandes fatos históricos e heróicos existiram e existem grandes mulheres. 

Conto suas histórias como uma forma de mostrar o que não está nos livros e potencializar essas vozes que nunca foram ouvidas da forma que mereciam e merecem, por conta do machismo e/ou racismo.

Quais são as mulheres que mais te inspiram?

Tem muitas, mas as que me dão muita força são: Antonieta de Barros, que foi a primeira mulher negra dentro da política no Brasil, eleita deputada estadual de Santa Catarina em 1934, dois anos após a mulher ter direito ao voto; Carolina Maria de Jesus que reescreveu sua história, deixando de ser catadora de papel para se tornar uma renomada escritora, e conheci mais recente e pretendo ainda fazer uma arte em sua representação; e a Madam C J Walker que era uma mulher preta retinta, do início do século XX, em um contexto de extrema segregação nos Estados Unidos que se tornou a primeira mulher a se tornar milionária nos EUA com seu próprio negócio. São muitas, mas essas vão mais de encontro com minhas idealizações profissionais e determinação.

Você é uma mulher negra empreendedora. Quais são os maiores desafios que você enfrenta por isso?

Muitos que podem até ser óbvios, como o descrédito na hora de pedir um orçamento para uma grande empresa, ou a forma que algumas pessoas reagem quando digo que sou eu que faço esse trabalho que consideram muito profissional. 

No início da marca era pior, participava muito de feira e passava por situações bem chatas como a citada acima, de acharem que estava ali vendendo para alguém e se surpreenderem por ser um trabalho meu. A falta de acesso é muito evidente. Já estive em grandes eventos em que ouvi de várias pessoas o “parabéns, você é a única mulher negra aqui ocupando o espaço” e como eu tive que ralar várias vezes mais que qualquer pessoa branca que estava ali, para estar ali.

Acredito muito que não sou uma marca muito mais avançada por tratar de assuntos relacionados a raça, porque o antirracismo tem limite e é bem frágil. Já ouvi muito em feira que era lindo o que eu fazia e muito necessário, mas não iriam comprar meu produto porque era um presente para uma pessoa branca, entre várias outras coisas.

Até onde você deseja chegar com a arte de Maria? Quais suas ambições?

Sou uma sonhadora. Serei ainda uma empresa grande que tem uma equipe toda pautada em uma causa coletiva, de mulheres minorias, e trabalho pra isso e me esforço muito pra que seja algo concreto. Quero chegar a um nível de conseguir compartilhar meus lucros com instituições que acolhem e poder ter minha própria ONG, que apoia crianças vítimas de abuso. O objetivo é conseguir fazer alguma diferença mesmo que pequena em meio a tanto caos em que vivemos. 

Qual das mulheres que você já homenageou na sua arte você mais gostaria que tivesse acesso a ela e por quê?!

Que está na arte ou já esteve, por motivos muito pessoais, Frida Kahlo. É uma arte que não comercializo mais por ter saído do catálogo, mas Frida é uma mulher com quem me imagino saindo pra dar um “rolê”, alguém que gostaria de ser amiga  e confidente (a sonhadora de novo! rs).

Se já tivesse feito a arte da Madam C J minha resposta seria ela, me espelho e me inspiro muito na sua forma de empreender e não deixar se abater pelas adversidades, ela é do tipo que se colocam fogo na produção que estava em seu quarto, vai lá e abre um galpão, seus ideais vão muito de encontro com os meus. 

Ficou com vontade de ter um item da Arte de Maria? Siga a marca no Instagram e encante-se ainda mais!

1 Comentário  |  Deixar Comentários

Comentários:
  1. Nattany Martins    03/05/2021 - 14h59

    Que maravilha de entrevista! Tô adorando conhecer essas artistas incríveis que vocês tem apresentado por aqui.

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