Glória Groove já foi destaque por ser um “Bumbum de ouro” e ganhou o Brasil com “A sua Voz”, e hoje ela entra numa fase bem “Bonekinha”, que tem tudo para ser mais um sucesso. Com este novo single, uma das maiores drag queens do Brasil traz a reafirmação da identidade feminina que, como ela diz, é formada de muita beleza, poder e irreverência. “Não é à toa que a arte drag mudou a minha vida. Foi ela que me deu esperança e perspectiva”.
Conversamos com a cantora, fenômeno da música pop nacional, durante a coletiva em que apresentou esse novo trabalho.
A entrevista foi comandada pelo ex-bbb João Luiz, que no reality mostrou ser um grande fã da Glória, e hoje virou um amigo da estrela. Foi muito legal ver a empolgação dele em participar desse momento e, principalmente, poder assistir em primeira mão ao novo clipe que está DEMAIS!
Confira um pouco desse bate papo sobre a nova era da carreira, em que Glória exalta sua origem, com o álbum Lady Leste, em referência à zona leste de São Paulo:
A era Lady Leste
O título é um resgate ao lugar em que Glória nasceu e passou a sua adolescência. Mas Groove contou outros significados e homenagens:
“Na minha vida, sempre tive como grande referência a Lady Gaga, que mudou a minha vida. Também tenho como influência a Lady Night, da Tatá Werneck. Agora, eu também sou uma lady, como uma homenagem às mulheres da minha família, que trabalham comigo, todas que vem da zona leste, e que são minha inspiração direta. É uma carta de amor a essas mulheres poderosas que vêm do mesmo lugar que eu. Faz sentido, no momento em que eu estou sendo mais vista, mostrar a minha história, de onde eu vim. Essa é a força do álbum”.
Processo criativo
Glória contou que todo o processo de criação do Lady Leste aconteceu bem naturalmente, e a permitiu entender todas as sonoridades que a levavam de volta à zona leste. Por isso, o álbum tem um clima nostálgico de quem viveu a adolescência nos anos 2000. Ela relembrou a época em que ouvia Born this Way, da sua musa Lady Gaga, vivia na lan house e passeava no shopping com os amigos.
“É uma chance de contar ainda mais a minha história, na primeira pessoa. Era necessário, na época em que surgi, criar um mundo de fantasias. Agora, sinto a necessidade de fazer o caminho contrário e abrir de vez o meu coração. Sinto que tenho muita coisa para confessar, muita coisa sobre mim que as pessoas não sabem”.
Mês do Orgulho LGBTQIA+
Glória é um dos principais nomes do movimento LGBTQIA+ no Brasil e, com seu sucesso exponencial, é uma inspiração para milhões de pessoas que vivem à margem da sociedade, provando que eles podem – e devem sim, muito – ocupar todos os lugares de destaque no país. Não foi à toa que ela escolheu este mês para lançar seu projeto:
“Lançar esse trabalho no mês do orgulho é mais um jeito de mostrar nossas potências. Pra mim, tem tudo a ver apresentar um dos trabalhos em que mais me orgulho, neste mês. A gente sabe o tamanho da oposição que existe aqui pra que não sintamos esse orgulho e, por isso, é bom mesmo que a gente solte trabalhos, que mostremos que o país também é nosso, que também temos espaço. Esse é o Brasil que a gente quer”.
É bem comum vermos uma enxurrada de campanhas publicitárias com pessoas LGBTQIA+, todos os anos, no mês de junho. Glória reconhece essa importância, mas não deixa de fazer uma crítica a empresas que usam da bandeira apenas para marketing:
“Quero me ligar a marcas que têm pessoas LGBTQIA+ em todos os setores. Quantas travestis estão em cargos de importância em uma empresa? É isso que buscamos. Junho virou o mês em que todo mundo bota a bandeira pra fora, mas quando ele acaba, o amor vai embora. Queremos estar sempre à frente das cortinas, mas também atrás, trabalhando. A gente não pode deixar se levar pela beleza e encanto do sucesso de artistas como eu ou a Pabllo. A homofobia e a transfobia são algo estrutural, que lidamos todos os dias e temos que lembrar que representamos uma fatia da sociedade que morre todos os dias e tenho consciência da importância de falar disso”.
Representatividade importa!
Para finalizar, a cantora falou ainda sobre a consciência que tem do quão importante é o lugar em que ocupa atualmente, por servir de referência para jovens LGBTQIA+ de lugares como o que ela veio, na zona leste de São Paulo:
“Quando penso nos jovens LGBTQIA+ de hoje, penso na importância da representatividade, do efeito espelho. Hoje, eles sentem comigo o que eu senti com meus ídolos na adolescência, quando eu estava em busca de identificação. A diferença é que os meus estavam longe, eram de fora do país. Atualmente, temos essas referências tão perto. Pessoas que estão vivendo as mesmas situações enquanto brasileiro; alguém que parece com você. Isso me dá muito ânimo e é algo que eu não tive”.
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