Quem vê Ju Goes nas redes sociais pode pensar que ela é a pessoa mais plena do mundo. Mas, por trás dessa imagem zen, há uma mente inquietante, cheia de ideias e que faz acontecer. Não é por acaso que, com apenas 5 anos de existência, seu aplicativo Zen App já recebeu prêmios, sendo considerado um dos melhores do mundo.
Admiradoras que somos desta produtora de conteúdo e empresária, não poderíamos deixar de entrevistá-la para a nossa série “Mulheres empreendedoras”. Neste bate-papo, Ju conta sobre como “equilibra tantos pratos no dia-a-dia”, de que forma a pandemia impactou seu trabalho e como a busca pelo autoconhecimento a ajudou a lidar com a frustração de nem sempre conseguir ser 100% em todas as funções que exerce. Confira:
Você virou referência em empreendedorismo relacionado ao bem-estar. Sempre teve essa veia empreendedora? Como nasceu essa sua versão?
Eu nunca me considerei uma pessoa com perfil empreendedor, porque na minha autoanálise, sempre me enxerguei mais como alguém que idealiza do que como quem realiza. Na minha cabeça, a pessoa empreendedora era aquela dinâmica, que fazia acontecer mil coisas, enquanto eu sou mais calma. Mas essa minha versão nasceu em um momento de crise existencial. Quem estava de fora, achava que estava tudo bem, vendo uma mulher de sucesso; meu canal no Youtube estava muito bem, assim como meu relacionamento e saúde física. Mas eu tinha um vazio dentro de mim que não conseguia entender o que era, que causava inquietações, apatia.. E daí comecei a buscar o autoconhecimento para me reconectar comigo mesma e entender o que estava acontecendo.
Naquele momento, busquei por um aplicativo que pudesse me ajudar com essas inquietações e não encontrei nada que eu idealizava. Na época, compartilhei com meu marido, que já trabalhava com programação e em três meses o Zen app saiu. O que posso dizer é que o empreendedor acaba sendo um solucionador de problemas; eu tive a idéia de criar algo que ajudasse as pessoas a solucionar suas dores, e encontrei pessoas realizadoras que tinham as habilidades necessárias para isso fazer acontecer. E o ensinamento que tirei disso é que a gente não empreende sozinho.
Você sentiu que por ser mulher teve mais dificuldade em mostrar sua competência empreendedora e provar sua qualificação e credibilidade?
Dessa vez não. Quando trabalhei como jornalista e em outros ambientes, eu senti. Mas nesse caso, sempre tive minhas ideias ouvidas e respeitadas. Sei que essa não é a realidade da maioria das mulheres e o que posso dizer para quem está sentindo essa dificuldade é para acreditar na sua idéia. Nem sempre vamos confiar na nossa competência e potencial, mas acredite no seu projeto. E empreender é assim: errar, errar e errar, até acertar. E nem sempre esses erros são um fracasso e sim tentativas necessárias até emplacar.
Eu sinto que as mulheres são muito mais questionadas e esses questionamentos vêm delas mesmas. Não é fácil ser desvalorizada, mas nós temos uma fibra para seguir em frente até que enxerguem a gente. Outra coisa que é fundamental é a rede de apoio, algo que as mães entendem bem do que eu estou falando. E isso vale também no empreendedorismo. Conecte-se com outras mulheres que estão passando ou tenham passado pelo mesmo. Ter outras referências, com quem você pode se inspirar e aprender, é fundamental para ter um sentimento de pertencimento e se conectar ao mercado.
Na pandemia, mais do que nunca, temos falado da necessidade de cuidar da saúde mental. De que forma do Zen app e o Wellness foram impactados com isso?
Logo no começo da pandemia, a gente sentiu uma movimentação global e um despertar em relação à saúde mental. O Zen App teve um crescimento de mais de 250% globalmente e o Zen Wellness nasceu na pandemia, em novembro do ano passado. A gente já sentia uma demanda pela prática de yoga, então percebemos as mudanças de hábitos, com a necessidade de ficar em casa, e criamos o Wellness para oferecer a melhor plataforma possível de aulas diárias, de yoga, meditação, pilates, cursos masterclass… Sentimos a necessidade do mercado de uma urgência de cuidar do bem-estar.
Em cinco anos de existência, o Zen já foi premiado como um dos melhores apps. Para você, o que foi determinante para isso?
Desde o começo, pensamos em ser um aplicativo que oferecesse múltiplos caminhos, então além da meditação, você encontra programas para desenvolvimento pessoal, trilhas relaxantes, e muitos outros conteúdos que podem ajudar as pessoas em diferentes caminhos. Expandimos esse repertório para cada um se apoiar naquilo em que se identifica e acho que esses são nossos diferenciais.
Você é co-fundadora do Zen Wellness e agora é CCO. Como foi a decisão de assumir esse cargo e o que mudou na prática?
Sempre fui porta-voz da empresa e agora nesse cargo estou mais mergulhada no conteúdo. O que mudou é que estou em uma posição mais estratégica, que vai olhar a forma como a gente se comunica e se posiciona, além dos conteúdos presentes. Tenho essa bagagem por ser produtora de conteúdo há muitos anos, então acredito que posso agregar valor também ao fazer uma curadoria daquilo que vai fazer parte, tanto do zen app, quanto do zen wellness, e das nossas redes sociais.
Pandemia, dois filhos, mudança, duas empresas… você é a tradução de multitarefas. Como não perder o foco e nem se deixar abater pela frustração de não conseguir ser 100% todo o tempo em alguma dessas funções?
Somos malabaristas de cada dia e confesso que amo multitarefa, mesmo antes de ser mãe. Sempre inventei de fazer várias coisas ao mesmo tempo, mas também tenho que me respeitar e não me colocar em um lugar de extrema exigência de mim mesma. Sempre fui muito autocrítica e dentro desse caminho do autoconhecimento precisei aprender a me relacionar comigo mesma, entendendo que produtividade tem muito mais a ver com qualidade do que quantidade. Muitas vezes, fazer o mínimo necessário é melhor do que o máximo possível, já que esse segundo envolve perda de foco. Não existe dar conta de tudo. Entenda o que é possível fazer em cada momento e acolha isso.
É importante a gente rever também quais são os nossos reais valores, o que realmente importa. Muitas vezes, estamos funcionando diante dos valores que nos foram passados em nossa criação e pela nossa cultura, com altas exigências e atribuições à mulher e não precisa ser assim. Por isso, acho tão importante validarmos o que importa pra gente e como vamos encarar isso, para não apenas reproduzirmos esse modo automático. Precisamos desconstruir e rever quem somos nós nisso tudo.
Nós amamos essa conversa! <3
Amei esse bate papo com essa mulher incrível!