Uma das coisas que mais gostei de estudar foi a metalinguagem no Cinema. Basicamente, metalinguagem é quando um discurso fala sobre si mesmo… Por exemplo, dicionários e gramáticas são metalingüísticos, pois se referem à própria língua. No caso do Cinema temos um discurso metalingüístico quando há “um filme dentro do filme”, ou seja, quando um filme fala de um filme, ou cita um filme, ou é sobre o mundo cinematográfico (por exemplo, biografias de atores ou diretores), ou ainda quando é sobre como fazer um filme. Pode até parecer complexo, mas na prática não é, hehehe…
Um dos meus filmes metalingüísticos preferidos é “8 ½” de Fellini. Ele fala justamente sobre o processo de criação de um filme e de como o criador (no caso, um diretor de Cinema italiano) tem que lidar com dificuldades como brancos criativos, pressão de produtores, etc… Recentemente o filme ganhou uma refilmagem/releitura/homenagem: o musical “Nine”, que conta basicamente a mesma história, mas com números musicais inseridos. Eu particularmente adorei!
Trailer de “Nine”, remake de “8 ½”
Outro filme nessa mesma linha é “A Noite Americana” de Truffaut, que também acompanha um diretor no processo de filmagem. Já “Quando Paris Alucina”, com a musa Audrey Hepburn e o galã William Holden, leva a metalinguagem a outro nível: ao acompanhar um roteirista em seu processo de criação, o filme vai explicando aos poucos – através de imagens – diversas terminologias e recursos cinematográficos. Por exemplo, ao explicar verbalmente o que é um flashback, o recurso acontece também imageticamente, para que fique bem claro tanto para os personagens do filme quanto para o público! Deu pra entender? Espero que sim, hahahaha…
O trailer engraçadíssimo de “Quando Paris Alucina”
Woody Allen (acho que já deu pra perceber o quanto amo esse cara, né? Rs) também já fez muitos filmes metalingüísticos, como o ganhador do Oscar “Annie Hall” (aqui no Brasil tem o título ridículo de “Noivo Neurótico, Noiva Nervosa”) e o engraçadíssimo “Dirigindo no Escuro”, mas o que mais gosto é “A Rosa Púrpura do Cairo”, no qual um personagem de um filme resolve que quer viver no mundo real!
Cena de “A Rosa Púrpura do Cairo”
E tem muitos outros exemplos: acho divertidíssima, a série “Todo Mundo em Pânico”! Morro de rir das paródias e acho muito legal ficar identificando com qual filme eles estão brincando! Vários outros filmes pegaram carona no sucesso de “Todo Mundo em Pânico” e tentaram repetir a dose (“Não é Mais Um Besteirol Americano”, “Super-Herói: O Filme”, dentre outros), mas daí já não gosto tanto… Meio bobos demais!
Cena de “Todo Mundo em Pânico”
A metalinguagem pode aparecer de diversas formas no Cinema, e é um assunto que dá muito pano pra manga! Quem se interessou e quiser se aprofundar mais, sugiro dois livros: “Sobre os espelhos e outros ensaios” de Umberto Eco, que explica um pouco sobre o assunto e “O filme dentro do filme” de Ana Lúcia Andrade (minha orientadora de Mestrado e querida amiga!), que é todinho dedicado à metalinguagem no Cinema. E, é claro, sugiro também dar uma passadinha na locadora =D
Adorei Nine e Annie Hall, mas quero ver 8 1/2 e Dirigindo no Escuro..Não gosto muito dos besteiróis americanos…Estou pensando seriamente se faço um graduação de Cinema depois que terminar a faculdade de Jornalismo..hehe…
=1
Ei Alice!
Tbm sou formada em Jornalismo e tenho pós e Mestrado em Cinema. Acho que vc não precisa fazer outra graduação, tenta as especializações e boa sorte!
=)
Lorena, ameiiiii esse post! VC arrazou! Sou cinéfila, não vivo sem filmes e cinema! Bjocas e Parabéns pelos posts!
Obrigada!
=)
O filme The Dreamers de 2003 do Bernardo Bertolucci segue essa linha de cinema metalingüístico…
Ótimo filme!!!
[…] This post was mentioned on Twitter by luferreira, ? Moda. ? Moda said: Chata de Galocha * No cinema: um filme dentro do filme http://bit.ly/bfSWhk […]
Aiiii. Amo metalinguística tb!!!
Amo filmes que citam outros filmes, acho que deixa a hitória que está sendo contada mais “real”.
Você falou de “Todo mundo em Panico” mas esqueceu do “clássico” Pânico (SCREAM) que vai ganhar uma nova trilogia (já sendo filmada) e trouxe de volta o gênero terror teen nos anos 90.
Adoro sues textos com linguagem super simples Lore. E Lú, parabéns pela montagem!!
Verdade Rê! O Pânico tem toda aquela parte que o Randy (é isso mesmo?) fica falando sobre filmes de terror! Metalinguístico tbm!
E eu tbm adorei as montagens da Lú!
=p
Era o Randy sim Lore!! Fora que na primeira cena, com a Drew B. o assassino faz perguntas a ela sobre filmes do gênero. Fora todas as referências que Wes Craven adora né?? rs
Lorena, aqui entre nós e em off: voce também nao tem vontade de dar uma surra no idiota que “traduz” os nomes de filmes no Brasil? Sao irreconhecíveis. Os da Audrey Hepburn entao, nao tem nenhum que de para identificar pelo título original – a excecao de Sabrina. Nao sei os filmes mais novos, mas como eu gosto muito de filmes antigos, sao muito poucos com o nome “normal”. O dia que eu descobri que “Assim Caminha a Humanidade” é na verdade “Giant”, eu desisti de vez: só converso sobre cinema no Brasil descrevendo o filme, ao invés de tentar descobrir o título.
Ahahahahahahaha!
Vicky, tenho vontade de dar uma surra sim! Não sei se é verdade, mas rola um papo de que Woody Allen começou a supervisionar as traduções dos títulos dos seus filmes mundo afora depois que ficou sabendo que Annie Hall se chamou Noivo Neurotico, Noiva Nervosa por aqui! Acho que pior que as traduções brasileiras, só as portuguesas mesmo! Hahahahahaha!
=p
aah, que demais! adorei o post, adoreis os filmes trailers. acho que de todos só assistir uns 2 ou 3. haeoueae. vou procurar ver os outros agora. adorei o post.
Nossa, num post só você citou três dos meus filmes favoritos (sem falar que são obras primas): La Nuit Américaine (sou suspeita quanto a este, todos os Truffaut são meus favoritos), 8 1/2 e A Rosa Púrpura do Cairo.
A Noite Americana é muito querido, metalinguagem pura, para mim não há prazer maior do que ver Truffaut como ele mesmo (ele tem os olhos mais amáveis do mundo) homenageando o cinema da forma mais linda já concebida, na minha nada objetiva opinião, cada detalhe do filme é uma homenagem, lindo demais.
A Rosa Púrpura do Cairo é o meu preferido do Woody Allen, um filme sensível – e acho que é aí que consigo ver um Allen mais à altura de sua fama (acho que ele tem muitos altos e baixos).
E 8 1/2 é a plenitude da perfeição de Fellini. Acho que por amar tanto esse filme simplesmente detestei Nine. Nine para mim foi um desastre completo – cansativo, músicas chatíssimas, com letras obvias a um extremo insuportável, só mesmo alguns momentos com as musas Cotillard, Kidman, e Cruz, e, é claro, Sophia Loren se salvaram, mas puramente pelo talento delas e do Daniel Day-Lewis (que amo, penso que ele é o ator que mais se transforma nos papeis, incrível).
A metalinguagem é mesmo um recurso muito interessante nas artes, assim como as referências – fazem o espectador ou o leitor participar bem diretamente, como quem resolve uma charada. Acabo de me lembrar de Bastardos Inglórios, que tem muito disso, especialmente se referindo aos próprios filmes do Tarantino; sem falar que quer melhor do que matar Hitler no cinema duplamente? Poesia pura.
Ei Katherine!
Adoro opiniões apaixonadas! E engraçado que Nine realmente foi “controverso”. porque eu AMO 8 1/2 e consegui gostar bastante de Nine. Achei que foi uma bela homenagem e mudaram muito pouco tudo. E gostei dos números musicais (em especial o da Fergie! fiquei chocada com o tanto que ficou bonito – e eu detesto Fergie! rs). Coloquei meu marido pra assistir 8 1/2 antes de sairmos pra ver Nine e ele tbm gostou dos dois! Enfim!
Tbm acho que Woody Allen tem seus altos e baixos, mas continuo amando tudo dele mesmo assim! Hahahahahahaha! Menos “Igual a Tudo na Vida”, que não me desce mesmo.
Tarantino é suuuuuuuuper metalinguístico! Nisso acho Kill Bill primoroso! O “problema” é que às vezes ele usa referências obscuras demais! Rs!
Adorei seus comentários!
=)
Muito Legal Lorena!!
Parabéns, acho q foi o melhor
tag que eu ja vi no blog =)
Adoro a parte de cinema do Chata! A Lorena esta de parabens! Sempre muito interessante e bacana para o conhecimento. Os sonhadores e tbm interessante neste contexto.
Bjks
[…] Longos, por Lia do Just Lia. 3 – Welcome to The O.C, bitch!, por Thereza do Fashionismo. 4 – No cinema: um filme dentro do filme, por Lorena Borges para o Chata de Galocha. 5 – Como Usar: Militarismo, por Camila do Garotas […]
Obrigada Luana e Christiane!
=)
Uau! A Ana Lúcia foi minha professora na publicidade! O título do seu post me remeteu imediatamente ao livro dela. Uma profissional incrível. Você tem uma superorientadora!
Didi,
Ana é uma fofa, né? Ela foi minha professora na Pós em 2003 e depois minha orientadora entre 2004 e 2006. E, desde então, virou amiga! Amo de montão! E, claro, uma excelente profissional! Super modelo a ser seguido!
=)
Ah! Manda um abração pra ela e fala que você está arrasando como “chata” aqui!
Também amoooo Woody Allen. Ele é fantástico.
Metalinguagem foi o tema da minha monografia, rsrs! Parabéns pelo post! ;)