Música no cinema

Como todos devem saber, o Cinema nasceu mudo, certo? Só que não! Hahahah… Desde seus primórdios, quando as exibições cinematográficas faziam parte de teatros de variedades (também conhecidas como vaudevilles) e afins, o som – e principalmente a música – estava presente no Cinema. O que acontecia é que um tiozinho sentava-se ao piano em frente à tela e ia tocando de acordo com o que acontecia na projeção. Assim, se na tela ocorria uma cena de ação, a trilha sonora era mais animada, agitada! Se era uma cena de amor, a música era mais romântica e assim por diante! Logo antes dos “filmes falados” (talking pictures, como ficaram conhecidos os primeiros filmes sonoros) era comum também atores ficarem atrás da tela dublando as cenas conforme elas iam se desenrolando. Lembram quando comentei de “Cantando na Chuva”? Pois então! O filme é justamente sobre a transição do Cinema Mudo para o Cinema Sonoro!

Mas, se a princípio a música surgiu como acompanhamento às projeções, com o desenvolvimento da linguagem cinematográfica passou a ser mais que isso e hoje em dia é peça fundamental na construção narrativa dos filmes. Uma trilha sonora eficaz agrega dramaticidade à ação e passa a ser quase um personagem a mais no filme! Alguém duvida disso? Exemplo clássico: Tubarão, de Steven Spielberg. Na época (1975) o diretor ainda não era reconhecido (e, mesmo que fosse, a tecnologia ainda era meio precária) e não conseguiu verba suficiente para fazer um tubarão mecânico convincente. Percebeu que se mostrasse aquele monstrengo ridículo, as pessoas iam rir e não sentir medo… Então, o que o diretor brilhantemente fez? Resolveu mostrar o tal monstrengo o mínimo possível e substituiu sua presença por uma trilha sonora original e marcante. Assim, toda vez que o público ouvia a tão famosa musiquinha, já ficava tenso na cadeira, porque sabia que o tubarão estava chegando. E parece que temos mais medo daquilo que imaginamos do que daquilo que vemos, não? Conclusão: genial!

Outro cara (olha a intimidade! ahahahaha) que soube dar aula de como empregar dramaticamente e com eficácia uma trilha sonora foi Alfred Hitchcock. Basta assistir à seqüência do Albert Hall em “O Homem Que Sabia Demais” (e aí eu acho que vale assistir inclusive às duas versões, a de 1934 e a de 1956, para compará-las s e perceber o que o diretor preferiu manter e o que preferiu mudar e/ou aperfeiçoar). Acho que o exemplo fala mais que qualquer coisa que eu possa escrever sobre o assunto aqui.

E aquela trilha sonora especial, pensada com cuidado e colocada de forma acertada nos momentos chaves dos filmes que fica na nossa cabeça? Quem nunca saiu da sala de cinema discutindo não apenas o enredo do filme, mas também as músicas? Dentre minhas favoritas, por exemplo, estão as de “Forrest Gump” (aliás, é um dos meus filmes preferidos!), “Pulp Fiction”, “Senhor dos Anéis”, “500 Dias com Ela”, “Ruas de Fogo” (esse é das antiiiiiiiiigas) e “Onde Vivem os Monstros”, só pra citar algumas. E uma que me marcou muito nos últimos tempos foi a de “Desejo e Reparação”. Se tiverem oportunidade, assistam ao filme reparando na trilha sonora. É incrível!
E vocês? Quais trilhas sonoras te marcaram no Cinema?