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Lifestyle

No cinema: pras Viúvas de Glauber

26.08.2011
Redação Chata de Galocha

Glauber Rocha nunca foi – e acredito que nunca será – uma unanimidade. Tem gente que o acha superestimado, datado e morre de preguiça de seus filmes… Outros já estão no outro extremo: acham que era um gênio incompreendido, defendem seus filmes com unhas e dentes (e com muito exagero!) e até ficaram conhecidos, pela fervorosidade de sua lealdade ao cineasta e aos seus filmes, como “Viúvas de Glauber Rocha”. E onde eu me encaixo nessa “luta do bem contra o mal”? Acho que bem no meio, viu? Detesto esse negócio de 8 ou 80, acho que qualquer coisa em exagero não faz bem!

Não dá pra negar a importância da cinematografia de Glauber Rocha para a História do Cinema Brasileiro. Inspirado pela Nouvelle Vague Francesa e pelo Neo Realismo Italiano, Glauber foi um dos responsáveis pelo nosso tão falado, valorizado, reconhecido e premiado (inclusive internacionalmente) Cinema Novo: um Cinema mais realista, voltado para os problemas políticos e sociais do país. Com mais conteúdo, baixos custos de produção, livre das amarras da montagem e dos movimentos de câmera clássicos, uma revolução. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”!

E assim foi seu primeiro longa-metragem, “Barravento” (1962). O termo, barravento, é explicado logo no início do filme: “é o momento de violência, quando as coisas de terra e mar se transformam, quando no amor, na vida e no meio social ocorrem súbitas mudanças” e traduz não só a temática do filme, mas, de certa forma, toda a obra de Glauber Rocha.

Um ano depois veio “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, meu preferido do cineasta. Mais uma vez a questão política e social, a realidade nua e crua do sertão brasileiro e a revolução estão ali, presentes, não somente no conteúdo do filme, em seu enredo, mas também na forma como o diretor optou por filmar cada cena. Nada é convencional. Com este filme, Glauber foi indicado pela primeira vez à Palma de Ouro em Cannes. Em 1967, com “Terra em Transe”, foi novamente indicado, mas acabou recebendo o Prêmio da Crítica e, no ano seguinte, com “O Dragão da Maldade Contra o Guerreiro Santo”, conseguiu nova indicação à Palma de Ouro, mas acabou recebendo o prêmio de Melhor Diretor. É ou não é motivo de orgulho para o Cinema Nacional?

Glauber Rocha ainda realizou outros longas e também curtas e documentários, mas sempre esbarrando na censura da Ditadura Militar e no exílio… No último dia 22 de agosto, completaram-se 30 anos desde sua morte. Independente de ser unanimidade ou não, fato é que Glauber deixou, para a História do Cinema, não apenas nacional, mas internacional também, muito mais que suas “viúvas”.

PS: a verdade é que Glauber Rocha era e sempre será um grande CHATO DE GALOCHA! Hahaha! Brincadeira, viu gente? Não podia perder a piadinha! =P

12 Comentários  |  Deixar Comentários

Comentários:
  1. Camilla    26/08/2011 - 10h52

    Lorena, concordo com você! Esse extremismo em nada acrescenta ou diminui a importância de Glauber Rocha… Tenho orgulho de ser sua conterrânea!! Com certeza, ele veio pra revolucionar o cinema e quebrar paradigmas!

  2. gpoulain    26/08/2011 - 11h00

    Adorei ter esse conteúdo nacional aqui na parte de cinema! Glauber realmente não é unanimidade mas ele vai figurar pra sempre como uma pessoa importante no cinema nacional. Queria que hoje em dia existisse mais gente como ele por aqui!

  3. Luisa Teles    26/08/2011 - 12h16

    Adorei! Quando comecei a ler pensei: Glauber era um Chato de Galocha. kkk
    Morri de rir quando li isso no fim. Também tô contigo, no meio termo. Ele era foda mas, né, caaalma, sem muito fervor! AMO seus posts

  4. Luciana    26/08/2011 - 12h47

    Tem gente que vem ao mundo pra quebrar paradigmas, preconceitos, ensinar um pouco… Talvez as pessoas que criticam querem assistir a um filme dele e comparar com os de hoje, claro que não dá! A dinâmica de hj é outra… mas ele teve uma grande importância em sua época.

    É por isso que eu AMO esse blog! Fala de todos os tipos e artes de forma despretensiosa, simples e inteligente.

    bjs Lorena
    bjs Lu

  5. Catarina Ferraz    26/08/2011 - 13h13

    Assim como Glauber, sou nascida em Vitória da Conquista-BA, e este cara é sem dúvida um orgulho para nossa cidade de apenas 300.000 habitantes, e pra toda a historia do cinema! Parabéns pelo post. ;*

  6. Sofia    26/08/2011 - 13h41

    Glauber Rocha era, de fato, um chato de galocha!!! Quem já o viu falando de sua própria obra? Modéstia zero… Mas é porque ele sabia de sua importância revolucionando o cinema nacional e tinha plena consciência de que seus filmes foram (como são até hoje) muito mais reconhecidos no exterior, do que em nosso país…essa é uma síndrome que ainda vai acompanhar o povo brasileiro por muito tempo…

  7. De Viés    26/08/2011 - 13h42

    Eu me orgulho de Glauber ter existido e ter sido brasileiro, mas, como você, não sou fanática nem nada. Sem dúvida, meu preferido é “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, que meu pai me fez ver, e adorei! Ficou ótimo o post, viu, não precisa ter medo das viúvas! hahaha

    Beijos.

    Bel

  8. Camila    26/08/2011 - 13h49

    Muito bom ler sobre o cinema novo (e Glauber) por aqui.. Surpreendente!

  9. Lorena Borges    26/08/2011 - 14h27

    Ai gente, UFA! Tô adorando os comentários, super positivos! Confesso que estava com medo de escrever um post sobre Glauber Rocha e não ficar à altura! Estava morrendo de medo sim, de alguma viúva perdida por ai! Mas estou muito feliz mesmo com os comentários! Obrigada!

    =*

  10. Roberta Tonelli    26/08/2011 - 14h53

    Eu amo cinema e confesso que os extremistas muitas vezes reinam, mas penso que temos que saber respeitar e, principalmente, reconhecer grandes talentos e Glauber com certeza é um desses ícones que ficarão para sempre na nossa memória. Gostei mt do texto e tenho certeza que muitas pessaos vão se identificar com esse e essa chata de galocha. Beijos!

  11. camis    27/08/2011 - 11h13

    hummm, posso confessar uma coisa… Da vez que tentei assistir “Deus e o Diabo na Terra do Sol” eu dormi! hahahaha mas eu sempre durmo com “Velozes e furiosos” também, com exceção do Tokio Drift, então acho que não sirvo de referência para ninguém! hauhauhahaahuha
    Para assistir Glauber tem que estar com a cabeça bem aberta, não tem jeito, qualquer dia, bem descansada, vou tentar assistir denovo sim.

    Beijos e achei o post ótimo!

  12. Renata Pires    28/08/2011 - 12h29

    Me senti numa aula de cinema brasileiro… Amei o texto que é super “histórico” mas não deixou te ter o tom leve do blog. Tu arrasa sempre Lore!! E eu nunca assisti a nenhum filme do Glauber (não curto o estilo), mas tinha um programa de cinema numna rádio Universitária aqui em PE e fizemos um programa especial só sobre ele. Muito massa relembrar disso!!

    Beijooo!

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