Eu poderia ter convidado o namorado ou uma amiga, minha mãe ou a minha vizinha. Mas preferi ir sozinha. Consegui: me levei para jantar e foi incrível. E não, não foi como sentar no restaurante a quilo e almoçar sozinha por quinze minutos. Dessa vez foi diferente.
Escolhi um restaurante japonês que adoro. Desses lugares que eu só fui em ocasiões especiais e tenho lembranças boas. Eu também poderia ter colocado qualquer roupa, prendido o cabelo, calçado uma rasteirinha e pensado “ah, não vou com ninguém, então vou de qualquer jeito”. Mas preferi fazer escova e me maquiar. Mais ou menos como diria Alícia em The Good Wife: “as pequenas coisas são importantes porque elas trazem alegrias enormes, você tem que começar por elas”. Eu tinha que fazer exatamente como se estivesse indo jantar com alguém até nos pequenos detalhes. Só saí de casa quando olhei para o espelho e pensei “é, tô gata”.
Quando cheguei no restaurante, enfrentei a parte que imaginei que seria a mais difícil. “Boa noite, senhora. Mesa para quantas, pessoas?”. O restaurante estava lotado de casais. Pedi uma mesa de canto. Não porque estava com vergonha (juro que evitei ao máximo fazer aquela cara de “estou esperando alguém chegar” ou “pode ficar com pena, levei um bolo”), mas porque não gosto de mesas que ficam no MEIO do restaurante (alô, paranóia!). Assim que sentei, tive uma vontade absurda de pegar o celular para me entreter com 15 notificações que pulavam na tela. Segurei as pontas.
Pedi uma dose de saquê, a entrada, duas taças de vinho e o meu combinado preferido. Depois, mudei para uma mesa que dava para a rua. Consegui ficar por quase três horas sem mexer no celular. Cheguei a conclusão que se eu tivesse com a cabeça abaixada, vidrada na telinha, teria perdido cenas lindas, como um casal de idosos caminhando de mãos dadas na rua, dois gatinhos filhotes que passaram e o casal da mesa diagonal a minha se esmagando de tanto amor. Sem querer, acabei ouvindo a conversa da mesa da frente. A sorte é que o papo estava ótimo e quando percebi, fiquei tão envolvida nos casos, que quase dei tchau para a galera da mesa quando fui embora. “Tchau, gente, foi um prazer quase-jantar com vocês!”.
Pensei. Pensei muito, muito. Refletir sobre a vida foi o que mais fiz. E foi uma delícia, mesmo não chegando a conclusão nenhuma e pensando em coisas realmente aleatórias (o objetivo de “sair sozinha para jantar num sábado a noite” era fugir dos problemas, ao invés de lembrar deles).
Ninguém olhou de cara feia, ninguém fez cara de dó e eu estava tão desencanada que se algo desse tipo aconteceu, nem percebi. Tive um atendimento impecável do garçom e fui muito feliz naquela parte de “escolher o que quero comer e beber no meu tempo”. Eu fiz TUDO no meu tempo.
Cheguei em casa leve. Não tive aquela sensação de “agora vou sair de verdade, então vou chamar ALGUÉM para fazer alguma coisa”. Nada disso, ué, eu JÁ TINHA feito alguma coisa. Eu tinha me levado para jantar.
Como diz a frase que decorei de um texto maravilhoso: “Aprenda a ficar sozinha e gostar disso. Não há nada mais libertador e poderoso do que aprender a gostar da sua própria companhia”. Concordo, é libertador de verdade.
Gente, amo esse blog!
E amo os textos da Marcella, e a arte também, sempre lindassss.
Quando aparece no meu Google Now, venho na hoooooora! <3
Fico feliz, Letícia! Obrigada por vir correndo ler. <3
Marcella
http://www.semcliche.com.br
Um dos seus textos que mais gostei de ler por aqui! Só uma dúvida: é ficção ou realidade?rs..
Nossa!! Adorei….
Saber fazer isso e se sentir assim tão bem é ter muita maturidade moça, parabéns! ;)
DEMAIS!!!
Boa Tarde
Meu nome é Rosana e com este texto me indentifiquei muito porque eu já fui a vários lugares sozinha e é exatamente esta a sensaçao de liberdade e de estarmos na melhor compania a nossa.
E se quer saber eu já peguei um voo SP /FORTALEZA sozinha uma semana.
beijus
Eu já me dei um jantar assim… do estilo que eu queria, sozinha e curti muito
bjs
http://ladycatblog1.blogspot.com/
Adorei o seu relato! Muito legal. A maioria das pessoas não gosta de comer sozinha. Eu não ligo, até gosto… o que me incomoda é o tempo esperando a comida chegar… ficar parada ali, sem fazer nada, me mata de tédio. Se tiver com um livro, fico feliz da vida.
Nossa que texto perfeito. Nunca sai assim pra jantar sozinha, como você menciona no texto geralmente são aqueles almoços de 15 minutos com a rasteirinha no pé, sem maquiagem e o cabelo preso. (rsrsrs). Adorei a espontaneidade e acho que se todas(os) nós fizéssemos isso, acredito que quando fossemos acompanhadas nós seriamos melhores companhias, pois como você mesmo citou “aprender a gostar da sua própria companhia”. Então vamos fazer tão bem para os outros. Outro ponto muito interessante foi que você ficou 3 horas sem mexer no celular, algo raro hoje não? Quantas vezes vamos em restaurante e nos pegamos/observamos as pessoas da mesa vidradas nas telinhas touchs. Enfim parabéns pela escrita sou fâ do Chata. Bjinhos
Eita! =D
Marcelala, sempre falo sobre esse tipo de coisa com meus amigos, é super gostoso e eu prefiro, assim faço o que quero no meu tempo sem ter que me preocupar com outras pessoas. Muitas vezes a gente quer ir pra um lugar que os amigos não gostam ou não podem, sabe naquele momento que todo mundo some? É bom mesmo pra pensar na vida e relaxar.
Fiz um post um ano atrás falando sobre isso (http://arianimartins.com/2015/05/curta-a-sua-propria-companhia/), mas no caso não tinha me levado pra jantar e sim pra beber cerveja em um dos meus bares favoritos! Hahahhahahaha… BEIJOS! =*
Eu adoro fazer coisas sozinha. Vou no cinema ver o que eu quero quando eu quero sem precisar “levar alguém” só porque é o que todo mundo faz, só pra não te olharem estranho. Adoro almoçar sozinha também. Adoro ficar comigo mesma!
Que experiência diferente, não tenho ainda essa coragem … mas amei a leitura… Vale pra parar e pensar o automático de nossas rotinas!!! ?
Amei o texto e a ideia, acho que vou me levar para jantar. Vou fazer mais, vou propagar esta ideia indicando este link no meu blog, nos links legais de sábado.
Bjs
Adoro seus textos!!!
Vou confessar uma coisa, estou super afim de fazer um programa sozinha, me libertar, ser só minha por algumas horas, sem ninguém por perto e de preferência mantendo o celular de lado, mas eu sou muito dependente, não sei ao certo se vou aproveitar, se vou gostar de experiência, ou se vou querer sair correndo e voltar pra casa… Depois deste post me deu mais vontade de fazer esse programa só meu, quem sabe daqui uns dias não é mesmo?
http://www.pinkisnotrose.com
Adorei xara de nome! :) Texto muito bom! :)
Excelente! Que texto maravilhoso
A Marcella este é um dos melhores presentes que podemos nos dar….quando descobri que posso fazer o que quiser sozinha, eu fui muito feliz! Adoro a minha companhia. seu texto foi uma delicia!
Faço isso sempreee e é bão demais!!!
Depois de tanto tempo voltando a ler blogs pois sem paciência pra Youtube. Apesar de achar uma boa ferramenta para aprender coisas, não nos leva à reflexão e isso me traz a esse texto…
Infelizmente a percepção de que eu tenho um relacionamento (e é o mais importante da minha vida) comigo mesma só veio à tona quando me vi sozinha, depois de dois anos construindo um relacionamento que não me levaria a lugar algum. Comecei a cultivar esse relacionamento, me proporcionar esses momentos intimos comigo mesma (inclusive aqueles mais intimos de verdade), a fazer coisas que eu realmente queria, a negar as coisas que eu não queria mas aceitava por medo de estar sozinha, a me ver como ser completo buscando alguém pra somar, do que incompleto esperando alguém para me preencher. Viajei sozinha, fui à jantares sozinha, passeios, cinema e ainda hoje vou. Eu cultivo esse relacionamento todos os dias, reflito sobre ele todos os dias. Gostaria que todas as pessoas, homens e mulheres, tivessem essa experiência. Ela é fantástica e você não se sente mais só.
Marcela, amei o seu texto e espero que você continue a vivenciar esses momentos maravilhosos.
Marcella, simplesmente de mais!
Obrigada
Adorei o texto.